Ceni e Ronaldinho protagonizaram lance polêmico na Libertadores

É impressionante como teve gente que criticou o Ronaldinho Gaúcho pela atitude ‘malandra’ no primeiro gol da vitória do Atlético/MG contra o São Paulo, nesta quarta, pela Libertadores. Sinceramente não vi problema algum. Desde que mundo é mundo o futebol é assim. Ingênua foi a defesa do Tricolor e o goleiro Rogério Ceni, que ao invés de servir aguinha para o adversário, deveria ter dado é sonífero para ele (Calma! É brincadeira!). De qualquer forma a cada dia que passa tenho a percepção que as pessoas querem acabar com a NATURALIDADE do esporte. É claro que os engomadinhos de terno e gravata que ficam escrevendo em escritórios e que nunca pisaram na arena vão argumentar. Vão dizer que enganar e ludibriar o árbitro é errado. Anti-ético. Que comportamento ‘Bad Boy’ não cabe mais no futebol profissional de hoje em dia. Esses blá-blá-blás. Em alguns pontos até concordo. Mas faz parte. Gera debates e valoriza o esporte.

Poxa vida! Vou ainda mais longe! Há alguns anos os tais assessores de imprensa já detonaram com o discurso NATURAL do jogador. Robotizaram os caras para falarem coisas politicamente corretas. Fico com saudades do Serginho Chulapa xingando, das polêmicas do Vampeta, das comemorações do Viola e do Paulo Nunes. Cadê isso? Não vemos mais. Os moleques do Santos comemoravam de forma diferente. Mas a resenha chata é a mesma de sempre.

Agora as imagens das 420 câmeras de TV espalhadas pelo estádio inibem muitas vezes os caras de agirem de maneira natural. Talvez com medo de represália dos tribunais de justiça desportiva. E não duvido que daqui a pouco vou ver esses caras punindo jogadores que usaram o artifício do Ronaldinho. Até porque se isso de fato vier a acontecer, será melhor espalhar robôs no campo de jogo.

Tá louco! Como o futebol está ficando chato! Vejam o lance novamente:

Ceni quis passar por cima de Ney Franco

Nunca escondi minha admiração pelo goleiro Rogério Ceni. Tanto é que muita gente me chama de puxa-saco por aí. Nem ligo, até porque o cara é fera mesmo. Mas sou obrigado a criticá-lo por uma atitude pontual no jogo de ontem contra a Liga de Loja pela Sul-Americana. Em determinado momento da partida, querendo mais ofensividade à equipe, o camisa 1 sinalizou para o técnico Ney Franco colocar o Cícero em campo. Segundo ele para ter uma presença fixa na área.

Poxa vida! Espere um pouco, que eu saiba um goleiro tem que impedir que saiam os gols do adversário. Nada mais que isso. Na realidade o ídolo são-paulino é tão bom que ainda faz alguns gols. Mas se quer dar pitacos na escalação do time, que pendure as luvas e vire treinador.

O Ney Franco foi muito bem e ao invés de se omitir, deixou clara sua insatisfação na entrevista coletiva. Como se quisesse colocar ‘cada um no seu quadrado’. Concordo totalmente com o comandante do Tricolor. Se vai haver boicote ou não do goleiro, não sei dizer. Acredito até que não, pelo profissionalismo do Rogério. Mas tenho convicção de que o treinador ganhou mais respeito dos outros jogadores do elenco. Certo mesmo é que foi gerado um mal estar desnecessário no ambiente de trabalho. Desgaste emocional por bobeira. Se pudesse dar um conselho aos dois era o de sentar reservadamente para resolver a parada. Tudo internamente. Sem causar alardes e transtornos.

Existe algo que o cronista esportivo mais goste de fazer do que criticar um ídolo? Bastou uma brechinha, muitas vezes na vida pessoal do cara, para todo mundo cair matando. Aí é publicação em capa de jornal, destaque em matéria de TV, internet, entre outras coisas. Foi mais ou menos o que aconteceu com o Pelé. Inquestionável como atleta, teve gente que usou os problemas particulares do ‘Rei’ para ficar com aquela história de ‘O Edson é diferente do Pelé’. Que conversinha fiada, hein?

Capitão, Ceni ergue a taça da Libertadores de 2005

Mal comparando, tenho a impressão que algo similar acontece com o Rogério Ceni. O cara tem no currículo praticamente todos os títulos que um atleta brasileiro poderia alcançar. É um baita de um goleiro e de quebra ainda faz gols. Além de recordista absoluto como artilheiro na posição, é o jogador que mais vestiu a camisa do São Paulo. Foram mais de 1000 jogos em tempos que os jogadores não ficam mais de uma temporada no clube. Ainda assim tem gente que o chama de mascarado e frangueiro. Dá pra acreditar?

Sinceramente só posso ver isso como rivalidade entre clubes. Até porque ninguém é unanimidade mundial. E se nem o ‘Rei’ conseguiu, o que dirá Rogério Ceni. Me chamam de puxa-saco e baba-ovo do goleiro tricolor. Aceito as críticas. Joguei bola por duas décadas e sei valorizar um ídolo. Um cara que lutou tanto na vida para buscar um espaço. Portanto até que me provem o contrário, sempre estarei do lado ídolo.

E dizer o que de um sujeito que aos 39 anos continua sendo tão atuante e decisivo em um clube grande como o São Paulo? Absolutamente nada! Por isso é bom sentar e reverenciar.

Muito se falou na última semana sobre a possibilidade do Rogério Ceni voltar ao gol do São Paulo nas próximas partidas. Ele se recupera de um estiramento no ombro direito sofrido ainda na pré-temporada. A precisão inicial de volta eram de seis meses. Mas a expectativa do torcedor e do próprio jogador é de antecipar esse prazo.

Ídolo aos poucos retorna aos treinamentos

O Leão, que não é bobo nem nada, já está freando essa ansiedade. Como profundo conhecedor da posição, da lesão (já que está ao lado dos médicos), ele melhor do que ninguém sabe quantificar o tempo que o goleiro ainda ficará no estaleiro se recuperando. Claro que a euforia do torcedor é normal. Mas todos tem que entender que até pela idade avançada, o Rogério tem que retornar aos gramados apenas quando estiver com 100% de suas condições físicas e técnicas. Senão vai passar vergonha.

Um pouquinho mais de paciência não custa nada. Vai valer a pena. Estou certo que ele ainda vai se despedir do Tricolor em grande estilo e em um curto espaço de tempo terá seu nome na galeria como indiscutivelmente o maior ídolo da história do clube.