Barrichello, um ídolo esquecido
Neto
O povo brasileiro tem a incoerente mania de exaltar gente sem valor cultural nenhum, tipo essas celebridades instantâneas participantes de reality shows e capas de revistas. No esporte temos por costume cultuar apenas a vitória. Só interessa ser campeão. Segundo lugar, medalha de prata, de bronze, ou até mesmo uma posição de destaque num ranking extenso, pouco se valoriza. Outro dia critiquei uma atitude do campeão olímpico César Cielo e muita gente rebateu com xingamentos e tudo mais. Mas será que seria igual se o garoto da natação tivesse sido bronze? Ou se tivesse ficado em 5º lugar nas Olimpíadas de Pequim? Não vejo toda essa boa vontade com nomes como Thiago Pereira, Daiane dos Santos e Diego Hypólito. Todos se destacaram, mas não trouxeram uma medalha. Mas e daí? Tenho também uma de prata em casa que conquistei com a seleção de futebol em Seul 88 e pouca gente sabe.
Estou falando tudo isso porque sinceramente queria entender essa certa rejeição do povo brasileiro com o piloto Rubens Barrichello. Esse cara é um vencedor. Foi duas ou três vezes vice-campeão da F-1, venceu várias corridas, piloto recordista da categoria e pouca gente dá moral. A única coisa que o brasileiro sabe ficar tirando sarro. Mas onde está a graça? Sacanearam ele a vida toda e mesmo assim se mostrou grande. Digno do status de um grande ídolo nacional. Pra falar a verdade, o Rubinho é mais exaltado fora do que dentro do Brasil.
O que reforça a minha tese é o fato de terem dado mais moral ao Nelsinho Piquet e agora ao Bruno Senna só porque são parentes diretos dos mitos tricampeões. Só que o Rubinho é talvez o único ídolo brasileiro em atividade no automobilismo. Ele pode não ser tão brilhante como o Senna, mas sempre será merecedor de todo meu carinho e respeito. Estou sinceramente torcendo para que ele entre na Fórmula Indy, brilhe intensamente e prove para os babacas da F-1 que perderam um excepcional piloto.