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E o tal espírito de torcedor europeu?

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Programa de sócio-torcedor bem sucedido: torcedor colorado lota o Beira-Rio

Programa de sócio-torcedor bem sucedido: torcedor colorado lota o Beira-Rio

Quando eu ainda jogava bola cansava de escutar dirigente de futebol criticando a participação dos torcedores nas arquibancadas. E não é nem em questão de violência, que aí é de fato um absurdo indiscutível. Eles se referiam a força positiva que as pessoas comuns poderiam exercer aos clubes. Pra muitos deles o público brasileiro tinha mentalidade de vira-lata, ou seja, só queria pagar ingresso barato e comprar camisa falsificada. Nunca me apeguei muito aos detalhes antes de trabalhar na imprensa. E hoje vejo uma situação completamente diferente.

Temos visto sim o torcedor ajudando demais seu clube. É verdade que uma camisa original de determinado clube é cara. Se não me engano beira os R$ 250. Mas os caras compram! É verdade também que em algumas praças brasileiras o ingresso dos jogos é extremamente caro. Mas curiosamente onde é mais caro, como em partidas do Palmeiras e Corinthians, é justamente onde mais tem se lotado as arquibancadas. Ambos tem média superior a 25 mil torcedores por jogo. Somadas as partidas do Paulista e da Libertadores, a renda das quatro equipes grandes do Estado chegou a R$ 30,7 milhões, mas 80% desse valor – R$ 24,5 milhões – serviu para encher as arquibancadas das duas novas arenas de São Paulo. É brincadeira? Evidente que muito disso é fruto da construção das novos estádios e dos bons programas de sócios-torcedores. Nesse sentido o Grêmio e o Inter também vão dando show no Rio Grande do Sul.

O que fica claro pra mim é que apesar do poder aquisitivo menor do torcedor brasileiro, se bem tratados, ele consegue equiparar aos torcedores europeus, que são extremamente consumistas. O que significa dizer que você pode cobrar um pouco mais caro se você proporcionar um produto de qualidade (sem exageros, é claro!). Alguns dirigentes estão enxergando isso e começaram a correr atrás. Afinal um clube grande não pode sobreviver apenas das cotas de TV e patrocínios de camisas. Há muito o que se explorar em outros setores do mercado da bola.