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Causos da bola: presente inesquecível de um ídolo
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Sócrates e suas chuteiras mágicas

Sócrates e suas chuteiras mágicas

Quando era garoto em Santo Antônio de Posse fui o único dos cinco filhos do meu pai são-paulino a se identificar com o Corinthians. Paixão talvez herdada da minha mãe. Lembro perfeitamente de torcer pelo clube na final do Paulistão de 77 ao lado do radinho de pilha da Dona Chimbica. Mas quando comecei a jogar admirava aquela geração da ‘Democracia Corintiana’. Eu que sempre fui meio folgado e de personalidade forte, achava demais aqueles gestos de rebeldia da turma do Sócrates, Casagrande, Wladimir e companhia.

Ainda menino no Guarani minha primeira chuteira foi dada pelo meu pai, que sofreu para comprar com o soldo miserável de policial militar. Mas meu sonho mesmo era aquela Topper bonita que via o Doutor em campo. Aquilo sim era chuteira! Parecia que o toque saia mais redondo. Sei lá, era uma visão mágica. Na base do Bugre adorava quando tinha jogo contra o Corinthians. Ficava nas arquibancadas reparando nos detalhes. Isso quando não pedia e conseguia ser gandula. Aí era uma festa! Só eu queria entregar a bola para o Sócrates. E sempre secando a chuteira.

Alguns anos depois, quando já fazia sucesso no Corinthians, contei essa história em uma rede de televisão. Pra minha surpresa, em uma participação com o próprio Sócrates no programa ‘Cartão Verde’ da TV Cultura, ele me deu o par de chuteiras. Aquele mesmo que sonhei por 20 anos. Foi uma surpresa maravilhosa que vou guardar para sempre.

Deus levou o Doutor Sócrates no final de 2011, mas ele estará guardado para sempre nos corações corintianos. Especialmente o meu.


Causos da bola: antidoping no futebol era coisa de “bêbado”
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Antigamente serviam cerveja no controle antidopagem

Antigamente serviam cerveja no controle antidopagem

De uns tempos para cá o esporte mundial cresceu assustadoramente. A grande exposição do futebol, por exemplo, ligado ao crescimento financeiro da modalidade talvez tenha feito muitas pessoas serem desonestas para alcançar resultados satisfatórios. É o tal do doping, palavra muito presente no nosso cotidiano. Mas os métodos de antidopagem que hoje são bem rigorosos, antigamente utilizava maneiras mais antiquadas de se obter o resultado final.

Lembro perfeitamente que na época em que eu jogava os caras levavam caixas de cerveja para o antidoping. Era a maneira mais prática de forçar o atleta a fazer o ‘xixi’ rápido. O que eles demoraram pra entender é que a grande maioria da boleirada usava aquele recinto como uma espécie de bar. Ou baladinha, pra usar um termo mais moderno.

Me recordo de ter caído no antidoping em um jogo do Corinthians contra o Grêmio em Porto Alegre. A delegação do Timão tinha vôo fretado de volta para São Paulo duas horas depois do término da partida. Quando descobri que meu parceiro de doping era o goleiro Ronaldo (hoje comentarista de futebol da Band) não tive dúvidas. Cheguei nele e falei: “Frangueiro, segura a onda aí pra mais tarde a gente aproveitar a noite gaúcha”. Poxa vida! Nada mais justo já que tínhamos vencido naquela tarde.

Dito e feito. Ficamos e voltamos só no dia seguinte. O mais curioso é que todo mundo fazia a mesma coisa. Só que ninguém tinha coragem de falar. Que me desculpem os responsáveis da época, mas aquilo de fato era uma várzea. Pelo que tenho visto esse é um dos setores do esporte que mais evoluiu. Hoje pra enganar esses caras do antidoping só fazendo mágica.

Ah, antes que me xinguem de cachaceiro é bom dizer que não ponho uma gota de álcool na boca há 13 anos. Desde que minha filha mais velha nasceu. E posso falar a verdade? Foi a melhor coisa que fiz na minha vida!


Causos da bola: o dia que o Pelé me pediu uísque
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Seleção no amistoso dos 50 anos do Pelé

Seleção no amistoso dos 50 anos do Pelé

O ano era 1990. O Falcão, até então técnico da Seleção Brasileira, fez uma convocação especial para o amistoso comemorativo do aniversário de 50 anos do ‘Rei’ Pelé. Jogaríamos contra um selecionado dos melhores jogadores do mundo na época, entre eles Hagi, Higuita, Francescoli, Ancelotti, Stoichkov e Van Basten. A partida aconteceria no estádio Giuseppe Meazza, em Milão. Quando desembarcamos na Itália já estava de prontidão pra nos receber meu grande irmão Careca, mito na Itália pela dupla que fazia com o Maradona no Napoli.

No dia seguinte fomos para o jogo e perdemos por 2 a 1. Tive a honra de substituir o Pelé e fiz nosso único gol. Era impressionante ver a visão de jogo do negrão aos cinquentinha. Coisa de extraterrestre. Depois da partida lembro que fomos direto para o hotel, onde a Seleção estava concentrada. E a festa estava armada. Muita resenha, baralho e cervejinha liberada no meu quarto, onde estávamos comemorando aquele momento. Aí tocou meu telefone. Atendi e disse: “Quem tá falando?”. Do outro lado da minha o sujeito respondeu “É o Edson, o Pelé!”. Na hora respondi que era a Rainha Elisabeth e desliguei o telefone. Afinal trote naquela altura do campeonato era sacanagem. Nunca tinha trocado mais que duas palavras com o ‘Rei’.

Instantes depois toca de novo o telefone. Eu atendo. “Neto, é o Pelé mesmo, porra!”. Engoli seco e disse: “Fala Pelé! Desculpa, tá precisando de alguma coisa?”. Ele disse: “Tem uísque aí?”. Pelo amor de Deus! Nem tinha no quarto, mas nunca corri tanto no hotel para arranjar uma garrafa de uísque. Fiz questão de levar pessoalmente. Quando bati na porta ele abriu com aquele sorrisão que jamais esquecerei. Foi o primeiro contato próximo e o mais inesquecível com o maior jogador de futebol de todos os tempos. História inesquecível.


Causos da bola: Dinei no Caixa-Eletrônico
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Dinei ainda menino com a taça do Brasileirão de 90

Dinei ainda menino com a taça do Brasileirão de 90

Sempre que possível vou tentar contar alguns ‘causos’ curiosos que aconteceram no meio do futebol. Vou abrir hoje com uma história clássica, que já andei falando por aí. Pode parecer mentira, mas não é. Teve uma vez que o Dinei, atacante do Corinthians do início dos anos 1990, foi ao banco Bradesco que tinha dentro do Parque São Jorge para para tentar fazer seu primeiro saque no caixa eletrônico. Estava contente porque tinha recebido seu primeiro salário como profissional. Registrou senha com a gerente e tudo. Era sorriso de orelha a orelha.

Coincidência ou não naquele dia eu estava resolvendo um problema na mesma agência e fiquei só observando a reação do Dinei. Pra quem não é da época antes a máquina pedia a senha através de uma gravação. Vi o exato momento que o Dinei inseriu o cartão e o caixa soltou a tal gravação: “POR FAVOR, DIGITE SUA SENHA!”. Como não lembrava ele tirou o cartão, pensou bastante e colocou de novo. Novamente veio o som: “CARO CLIENTE, POR FAVOR DIGITE SUA SENHA!”. Ele tentou um número, que rapidamente foi negado: “SENHA INVÁLIDA! DIGITE NOVAMENTE SUA SENHA!”.

Pois é, o jogador não teve dúvidas, foi para trás do caixa e cochichou baixinho: “Eu sou o Dinei do Corinthians, esqueci minha senha. Não dá pra soltar uma grana aí não?”. É brincadeira? Vai ser juvenil assim lá longe! Ainda bem que passados mais de 23 anos ele se tornou um grande ídolo do clube. Aliás, até hoje o único jogador corintiano a conquistar três títulos do Brasileirão (1990, 98 e 99). Mas nesse dia foi uma anta de marca maior. Tá louco.


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