Causos da bola: o dia que o Pelé me pediu uísque
Neto
O ano era 1990. O Falcão, até então técnico da Seleção Brasileira, fez uma convocação especial para o amistoso comemorativo do aniversário de 50 anos do 'Rei' Pelé. Jogaríamos contra um selecionado dos melhores jogadores do mundo na época, entre eles Hagi, Higuita, Francescoli, Ancelotti, Stoichkov e Van Basten. A partida aconteceria no estádio Giuseppe Meazza, em Milão. Quando desembarcamos na Itália já estava de prontidão pra nos receber meu grande irmão Careca, mito na Itália pela dupla que fazia com o Maradona no Napoli.
No dia seguinte fomos para o jogo e perdemos por 2 a 1. Tive a honra de substituir o Pelé e fiz nosso único gol. Era impressionante ver a visão de jogo do negrão aos cinquentinha. Coisa de extraterrestre. Depois da partida lembro que fomos direto para o hotel, onde a Seleção estava concentrada. E a festa estava armada. Muita resenha, baralho e cervejinha liberada no meu quarto, onde estávamos comemorando aquele momento. Aí tocou meu telefone. Atendi e disse: ''Quem tá falando?''. Do outro lado da minha o sujeito respondeu ''É o Edson, o Pelé!''. Na hora respondi que era a Rainha Elisabeth e desliguei o telefone. Afinal trote naquela altura do campeonato era sacanagem. Nunca tinha trocado mais que duas palavras com o 'Rei'.
Instantes depois toca de novo o telefone. Eu atendo. ''Neto, é o Pelé mesmo, porra!''. Engoli seco e disse: ''Fala Pelé! Desculpa, tá precisando de alguma coisa?''. Ele disse: ''Tem uísque aí?''. Pelo amor de Deus! Nem tinha no quarto, mas nunca corri tanto no hotel para arranjar uma garrafa de uísque. Fiz questão de levar pessoalmente. Quando bati na porta ele abriu com aquele sorrisão que jamais esquecerei. Foi o primeiro contato próximo e o mais inesquecível com o maior jogador de futebol de todos os tempos. História inesquecível.