Copinha inchada e sem graça
Neto
Entra ano e sai ano e a Copa São Paulo de Futebol Junior, que sempre teve um valor inestimável para a evolução do futebol brasileiro, fica mais inchada e sem graça. Vejam só, em 1982, na única edição que atuei pelo Guarani de Campinas, eram apenas 16 equipes. Mas naquele tempo se via no gramado os melhores jovens jogadores de cada grande clube em uma intensa disputa. Não é essa várzea desenfreada. Aliás, chamar esse modelo de Copinha de várzea é uma ofensa à várzea, que hoje em dia tem campeonatos muito mais organizados que alguns torneios profissionais.
Falem a verdade, não dá para levar a sério um campeonato que reúne 100 times. Acho que é o maior do mundo em quantidade. Pelo amor de Deus! Vários deles bancados por empresários. Em uma espécie de balcão de negócios explícito. Outros totalmente desconhecidos e inexpressivos, como Espigão, Guaicurus, Lideral e Sumaré. Isso sem contar a relação de homônimos como Corinthians/AL, Cruzeiro/DF, Santos/AP e Americano/MA. É mole?
Particularmente me recuso a assistir essas partidas pelo menos antes da semifinal. A partir daí que dá pra levar a sério. Aliás, se for analisar criteriosamente, a Copinha tinha que ter o objetivo principal de revelar atletas para o time profissional. E como muitos que disputam nem tem time profissional, esse foco se perde. Os grandes usam até jogadores do time de cima para vencer. A meta, por sinal, ficou em vencer. Independente de qualquer coisa. Isso tira a graça e o real objetivo de um torneio de revelação de talentos.
Em tempo: Entendo que muita gente critique meu post dizendo que são poucas oportunidades disponíveis para garotos. Mas não se pode organizar um evento tão importante dispondo de tamanha deficiência técnica. Se fossem 100 times de algum nível, até que tudo bem. Mas nessa edição nem 20% tem a qualidade que o evento se propõe. Portanto as pessoas que organizam deveriam ter um pouco mais de atenção e trabalhar nesse sentido. Já a garotada que quer oportunidade, vai fazer peneira e lutar por um espaço. Não é demérito para ninguém.