Elogios a um novo Leão
Neto
Tenho acompanhado atentamente o trabalho do técnico Emerson Leão no São Paulo. E por incrível que pareça, digo isso porque tive muitos problemas com ele no passado, sou só elogios para a maneira profissional e serena como ele está se comportando. Quem sabe da minha história do passado com ele vai dizer: “Peraí! o Neto está com febre alta ou com alguma outra doença grave. Elogiar o Leão?”. Pois é, mas é exatamente isso. Esse senhor que está no comando do Tricolor é completamente diferente daquele com quem trabalhei em 1989 no Palmeiras.
Naquela ocasião o Leão era um sujeito autoritário e extremamente vingativo. Humilhava quem ele queria sem dó. Sempre fazia diferença com os jogadores que tinham problema de perder peso. Todo mundo treinava com um colete de borracha pra suar bastante. De quebra separava a gente em uma mesa de saladas. Um baita absurdo! Não bastasse isso ele dava cada esculacho em quem fazia alguma coisa errada. Um minuto atrasado já era motivo para uma resenha monstra. Xingava, esbravejava e se acha o Rei da Cocada Preta. Resumindo tudo, era um ‘Hitler’ conosco. E olha que tenho pelo menos 30 caras daquele elenco e outros tantos espalhados por outros clubes que não me deixam mentir.
Mas depois de longos anos de ‘guerra fria’ e processos, conversamos e nos entendemos. Coisa que dois sujeitos adultos deveriam fazer. Confesso que apesar dele exagerar, eu era sim um jogador indisciplinado e que dificilmente aceitava ordens. Quando ele começou a me substituir em todos os jogos eu ficava louco. Ainda assim reconheço meus pecados. E nesse papo que tive com ele, zeramos o passado. Ou seja, não vamos jantar um na casa do outro mas podemos nos respeitar. Legal!
E até por essa experiência posso comprovar que esse Leão que pisa no CT do São Paulo é um sujeito até certo ponto sereno. Tem tomado atitudes corretas e humanas. O Casemiro, por exemplo, que é bom jogador mas meio avoado, ele tem tido muita paciência. Tem procurado dar moral ao Fernandinho e também se mostra articulado para lidar com essa disputa Willian José e Luís Fabiano. Fora os conselhos ao goleiro Dênis, que são essenciais. Ainda mais dele que foi um dos melhores na posição.
Hoje o Tricolor está formando uma equipe competitiva muito mais graças ao Leão do que ao trabalho da diretoria.
O passado não volta, mas digo sem medo de errar que se o Leão tivesse sido o mesmo cara de hoje ao longo da carreira, certamente teria tido mais sucesso. Muito mais mesmo.